Jul 16
Dados da Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia), apresentados no Index Asbia 1º Trimestre de 2020, revelam uma verdadeira explosão do setor
O Brasil está vivenciando um autêntico boom da inseminação artificial (IA), com a multiplicação da quantidade de doses produzidas, comercializadas e exportadas, contribuindo para a consolidação da tecnologia como uma parte essencial não só da pecuária brasileira em nível abrangente mas, também, para todos os produtores nacionais.
É o que mostra a mais recente edição do Index Asbia, relatório publicado pela Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia), referente ao primeiro trimestre de 2020. Os números evidenciam um crescimento acelerado do setor, registrando a presença da inseminação artificial de bovinos em impressionantes 3.270 municípios brasileiros – um total de 57% de todas as cidades do país.
De acordo com o documento, a produção de doses de sêmen alcançou 2.371.856 nos primeiros três meses do ano, o que corresponde a um aumento de 20% em relação ao mesmo período de 2019, quando foram calculadas 1.976.953 doses.
Os movimentos comerciais de sêmen também impressionaram o setor. Foram comercializadas mais de 3,5 milhões de doses no primeiro trimestre (3.623.135, especificamente), quantidade 22,6% superior ao período equivalente do ano passado.
Outro número que surpreende é o das exportações – de 33.949 doses exportadas, passamos para 82.382, um crescimento significativo de 143%. Em relação às vendas para o cliente final, o aumento geral foi de 23%. Ao nos debruçarmos sobre os setores separados do leite e do corte, percebemos, em relação a 2019, uma diferença de 33%, para o corte (2.073.482 doses em 2020, face a 1.561.031 no primeiro trimestre de 2019) e de 4%, para o leite (de 1.092.641, subiu para 1.136.296 doses).
“O setor se mostrou sólido e consistente, vem crescendo a dois dígitos há anos. Ou seja, não é um ‘soluço’ passageiro e temporário. Somos o maior mercado potencial do mundo em IA, temos tecnologia própria, clima, mão de obra qualificada, pesquisas nacionais, raças bovinas e pastagens adaptadas ao clima tropical, mercado consumidor interno e externo demandando nossos produtos, contínua e crescente profissionalização do produtor rural, maior exigência do consumidor nacional e internacional que obriga a oferta de produtos diversificados e com qualidade superior, assistência técnica altamente especializada em diversos setores, etc.”, considera o gerente executivo da Asbia, Carlos Vivacqua.
De acordo com ele, o setor da inseminação deverá alcançar níveis sem precedentes de crescimento até 2030. “Estimamos dobrar de tamanho o mercado de IA em menos de uma década, nos tornando também líder neste segmento do agro mundial”, disse.
E os números impressionantes são apenas uma parte da novidade. Esta edição do Index Asbia foi a primeira versão municipalizada do documento, ou seja, o relatório que, antes, apresentava informações nacionais e divididas em nível estadual, passou a abranger, também, os dados individuais de cada município brasileiro onde a inseminação artificial é realizada.
“Com a municipalização, podemos cruzar os dados da Asbia com os da população bovina, mapeando o melhoramento genético e determinando com mais precisão onde precisamos agir”, revela o presidente da associação e diretor geral da ABS Brasil, Marcio Nery.
O presidente destaca, ainda, que o relatório sugere o crescimento do número de produtores que se tornaram novos usuários da tecnologia. “Esse fato é apontado pelo aumento de 34% nas vendas de botijões de sêmen. A Asbia está sempre preocupada em priorizar o acesso do pequeno produtor ao melhoramento genético. É por isso que atuamos sempre em conjunto com o Ministério da Agricultura e já conquistamos marcos importantes, como a definição dos protocolos sanitários de exportação”, comenta.
Ainda segundo Marcio Nery, o crescimento tão expressivo do setor da IA tem uma explicação muito clara. “É que o criador acordou para três verdades muito importantes: primeiro, o custo dessa tecnologia é o mais baixo entre as despesas das fazendas. Segundo, a genética é o único insumo permanente que vai atuar sobre todas as gerações. Em terceiro lugar, a inseminação não atua apenas pelo aumento da produção de leite ou carne mas, também, em uma impactante redução dos custos, por meio de vantagens como a precocidade sexual, a eficiência alimentar, a fertilidade, a longevidade e a resistência a doenças”, descreve Nery.
Da parte do mercado, o cenário deixa os especialistas animados. O gerente de Mercado e Contas-Chave Leite da ABS, Marcello Mamedes, faz um retrato de como a expansão da IA impacta no mercado do leite. “Em 2019, o mercado do leite cresceu 8%. No primeiro trimestre deste ano, já foi um aumento de 4%. Acreditamos que o mercado continuará crescendo, uma vez que o produtor de leite sempre enfrentou dificuldades sobre a precificação do seu produto. Portanto, é algo que impacta o setor, em um primeiro momento. No entanto, esse incremento deve se tornar maior, já que a genética está assumindo cada vez mais importância no processo de produção leiteira. Isso aumenta ainda mais a responsabilidade na escolha correta dos acasalamentos”, considera.
O mercado da carne também se beneficia. É o que conta o gerente de Mercado e Contas-Chave Corte da ABS, Gustavo Morales. “A gente nunca teve um nível de crescimento na IA como o atual. E isso é muito em função da adesão da tecnologia pelos criadores de gado de corte. Definitivamente, estamos partindo para um momento em que os criadores que fazem uso da tecnologia irão continuar na atividade. Os que não utilizam a tecnologia perderão espaço. A receita, produtividade e lucratividade têm que ser compatíveis com os produtores que trabalham com soja, milho, cana-de-açúcar”.
As perspectivas para o futuro do setor também são otimistas. A Asbia projeta, para o fim de 2020, um crescimento em torno de 19%, o que representaria uma produção de algo entre 23 e 24 milhões de doses de sêmen. Vale ressaltar que o Brasil já se o maior mercado mundial de corte, sendo líder global na exportação de carne bovina desde 2003.
“A participação da genética é de grande importância em momento futuro próximo. Diversos países não possuem capacidade de abastecimento próprio de alimentos para sua população, são deficitários no abastecimento de proteína animal. Estes países com a retomada de suas atividades terão uma demanda crescente de proteína animal e o Brasil será importantíssimo player neste mercado e a genética nos permite atender esta demanda com maior produtividade por área”, ressalta Carlos Vivacqua.
“Também, a ‘nova’ pecuária necessitará ter os três ‘S’: Sustentável, Sanidade e Saúde Humana. Nosso sistema de produção é único no mundo, para atender em escala estas demandas. A genética, através da IA, atende todas as modernas necessidades do consumo de proteína animal, os três S”, ressaltou o gerente executivo da Asbia.
“O melhoramento genético é tão impactante, que o futuro da pecuária brasileira irá nos levar a uma realidade em que poderemos triplicar as produções de leite e carne, sem aumentar o rebanho nacional em sequer uma vaca”, enfatiza o presidente da associação, Márcio Nery.
Matéria publicada na edição de junho do ABS NEWS. Clique abaixo e confira outras matérias na íntegra: